top of page

contos

jacinto

No dia em que decidira partir já chovia em demasia. As pessoas caminhavam e no chão espezinhavam as poças sem que a água lhes trespassasse o calçado e ensopasse as meias causando aquele desconforto de inverno. Mas era outono. O final de outubro não mostrava melhorias em relação ao restante, mas agora que terminava via-se essa nova tendência do plastificado das botas.

Galochas diziam.

No dia em que decidira partir já chovia em demasia. As pessoas caminhavam e no chão espezinhavam as poças sem que a água lhes trespassasse o calçado e ensopasse as meias causando aquele desconforto de inverno. Mas era outono. O final de outubro não mostrava melhorias em relação ao restante, mas que agora terminava via-se essa nova tendência do plastificado das botas. Galochas diziam.

os 7 olhos de deus

No início era tudo... o todo completo. O que de melhor e pior existia estava por ali. À vista de toda a gente. A terra queimada, das imensas pegadas. O peso sobre o mundo era enorme. Todos viviam. Uns melhor do que outros, mas todos viviam. A justiça nunca tinha sido algo a pensar como devia de ser, mas era uma preocupação, nem mesmo agora que o espaço comum estava a ruir.

Mas mesmo assim viviam.

adnan

Adnan partiu. As poupanças dos últimos seis anos saíram do seu bolso, embrulhadas num saco de plástico de uma cadeia de supermercados onde nunca entrara. Poupou-se a gastos desnecessários. O dinheiro era resultado de longas jornadas no campo e em afazeres simples, mas de grande complexidade física. Era carregador.

De tudo o quanto podia carregar.  

bottom of page